segunda-feira, 10 de outubro de 2016

A integração das TIC no processo de ensino-aprendizagem: uma opção ou uma necessidade?

As TIC, tecnologias de informação e comunicação, constituem um cenário explosivo de oportunidades relativas à educação através da interação dos novos media. (Figueiredo, 2001)“Abordar as novas tecnologias é falar do computador pessoal, cada vez mais portátil, dos telemóveis, que são muito mais do que isso, dos videojogos, das aplicações informáticas utilizadas com fins educativos, das plataformas de gestão de aprendizagem (como a moodle), que permitem o alargamento do espaço e tempo de aprendizagem para além da tradicional sala de aula.” (Paz, 2008)

As tecnologias de informação e comunicação através dos novos media “têm o desafio de construir comunidades ricas em contexto onde a aprendizagem individual e coletiva se constrói e onde os aprendentes assumem a responsabilidade, dos seus próprios saberes.” (Figueiredo, 2001)

O uso das TIC têm vindo a reconfigurar o papel da linguagem verbal e escrita, que passa agora a ser apreciada com imagens, sons, ritmos, músicas, entre outros. (Botelho, 2006)

Segundo Fidalgo (2009), “as TIC proporcionam uma maior variedade de estratégias de lecionação e envolvem os discentes num processo que já não se quer de aprendizagem passiva mas antes construtiva”.

Como Fidalgo (2009) refere, as TIC devem ser integradas com flexibilidade por parte de todos os intervenientes do meio escolar, existindo auxílio nas competências informáticas junto dos estudantes com metodologias como tutorias, respeito pelos tempos de aprendizagem, estimulação de auto-conhecimento e disponibilização de recursos tecnológicos aos alunos, pois só desta forma estes podem superar os seus medos e ultrapassar as barreiras que estas novas tecnologias lhes podem colocar.
As aprendizagens construtivas, ao invés das passivas, proporcionam também novos métodos com um maior leque de possibilidades de lecionação e dinamização em aula, em que os alunos exploram e a partir daí criam conhecimentos e saberes relativos às tecnologias de informação e comunicação. Exemplos disso são os acessos às plataformas moodle, quadros interativos, entre outros meios facultativos presentes em sala de aula e disponíveis para todos os discentes.

Os objetivos da integração das TIC na abordagem educacional “além de um processo de construção interativo de saberes, necessitam de uma consciencialização de que o aumento do número de fontes de conhecimento e dos recursos de aprendizagem e ensino exige uma exploração multidimensional dos mesmos e para que isso seja possível há que concretizar efetivamente o processo de democratização do aceso às novas tecnologias.”
Esta democratização não significa só um livre e igual acesso aos recursos mas também competências para que todos os utilizem eficazmente num processo de adquirir conhecimentos tanto em sala de aula como num futuro pessoal. (Fidalgo, 2009)

A intervenção no processo ensino-aprendizagem das TIC é realizada por toda a comunidade escolar uma vez que todos contribuem com os seus saberes, porém, o professor pode e deve ser o elo de ligação entre a exploração e aquisição de conhecimentos com a transmissão dos mesmos através dos novos media.

A planificação desta integração deve ser cuidadosamente elaborada pelo professor, uma vez que o uso das TIC deve ser equilibrado, relembrando que existem alunos com o mínimo de literacia em ambientes tecnológicos e alunos nativos digitais. Deve por isso ser um currículo que motive ambas as partes, nunca contemplando opções extremistas.

As TIC devem ser um recurso complementar, porém, hoje em dia, se a decisão incidisse na substituição das aulas tradicionais por aulas exclusivamente com recurso às TIC, as escolas não estariam equipadas para dar resposta a esta inovação tecnológica. Segundo Figueiredo (2001), os media são inquestionavelmente novos, mas as aprendizagens são velhas e ultrapassadas.

No que diz respeito aos professores, na sua classe profissional estes verificam muitas vezes atitudes de resistência à utilização das TIC em sala de aula. Segundo Paz (2008) alguns professores referem que “não existem mais valias nestes novos instrumentos porque a sua utilização obrigaria a reformular conteúdos, estratégias e matérias didáticas há muito utilizados.”
Já os professores recém-formados, que foram imersos nas novas tecnologias de informação e comunicação e como refere (Paz, 2008), são uma geração onde “é mais frequente o entusiasmo pelas virtudes das novas tecnologias.” Porém nem todas as práticas de auto-aprendizagem realizadas por estes a partir das novas tenologias são positivas. “Há velhas competências que fazem muita falta e que a facilidade de acesso à informação (internet) não substitui, como a capacidade de interpretar, e refletir sobre, a informação.” (Paz, 2008)

Ou seja, tal como a utilização das novas tecnologias não faz bons professores também a sua não utilização não faz deles maus professores.

Por parte dos alunos a atitude é diferente devido a estas novas tecnologias fazerem parte do seu ambiente natural, quer social, lúdica ou academicamente.

Hoje em dia a utilização das TIC para os alunos começa bastante cedo. Desde a educação pré-escolar que diariamente são incitados para o uso das mesmas de forma lúdica. Percorrendo o ensino básico, secundário e presente cada vez mais no quotidiano, as novas tecnologias marcam o dia dos jovens nas suas descobertas, vida social, aprendizagens, etc.

A utilização das TIC no processo ensino-aprendizagem é uma opção do professor, como mediador e facilitador da aprendizagem e não apenas transmissor de conhecimentos. Daí a importância da sua escolha em incluir ou não as TIC na dinamização das suas aulas.
O professor tem então a necessidade de assumir novos papeis em sala de aula, adquirir novas competências e conhecimentos, repensar metodologias, estratégias e materiais didáticos, gerir o tempo e o espaço da sua aula e avaliar as implicações pedagógicas da utilização ou não utilização das TIC.

Esta opção da utilização das TIC no processo ensino-aprendizagem depende de como é dinamizada e da forma como é apreendida por parte dos alunos. O ganhar e perder são aspetos relativos no que diz respeito a conteúdos, formas de abordagem, nível de conhecimentos, entre outros fatores que predominam neste escolha.

“Os grandes desafios da utilização dos novos media na educação não estão nos novos media, mas sim na educação” (Figueiredo, 2001)



BOTELHO, Fernanda (2005). “Globalização e cidadania: reflexões soltas”. 
BOTELHO, Fernanda (2006). “Textos e literacias …” 
DIAS DE FIGUEIREDO, António (2000). "Novos media e nova aprendizagem" 
FIDALGO, Patrícia (2009). “O Ensino e as Tecnologias da Informação e Comunicação" 
PAZ, João (2008). “Educação e Novas Tecnologias” 

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